Quem diria que eu iria gostar tanto de contos? Há alguns anos eu confesso que torcia o nariz para as histórias breves, sempre alegando que o que eu de fato gostava era dos livros grandões que me fizessem mergulhar profundamente em um romance completo. Pois não é que mordi minha língua?
Claro, é bem verdade que “I like big books and I can’t deny”, mas tenho gostado cada vez mais de livros de contos – os deixo na mesa de cabeceira e de vez em quando leio uma história assim, sem compromisso.
Uma das obras do tipo que já estava juntando pó na minha estante desde que a adquiri na Casa Folha em uma Flip (saudaaaades de uma Flip, né minha filha?) era Ódio, amizade, namoro, amor, casamento, da autora vencedora do Prêmio Nobel, Alice Munro.
O livro conta com contos de fôlego, de 30 a 40 páginas, e revelam cenas e dramas cotidianos que exploram as mais diferentes formas de relacionamento.
Um dos meus textos preferidos foi o conto que dá nome ao livro, que narra a história de uma governanta solitária que decide partir com a mudança completa para a pequena cidade onde um futuro pretendente habita. Contudo, o que ela não desconfia é que o relacionamento que ela acredita ter se construído com ele por meio de cartas é, na verdade, uma pegadinha pregada pela filha do rapaz e por sua amiga.
Outro conto marcante é de uma mulher cujo marido, um professor de biologia, faleceu. Aos poucos vamos conhecendo a história dos dois e os desdobramentos de um conflito que ele havia deflagrado em sala de aula ao questionar a educação religiosa como verdade biológica. O tom é seco, doído, mas hipnotizante.
Esses são apenas dois exemplos de uma série de histórias que parecem bastante banais, mas que ao mesmo tempo geram estranhamento, angústia e curiosidade e que me mantiveram fisgadas às suas páginas. Já desejo ler outras obras da autora, com certeza!
Ficha Técnica:
Título: Ódio, amizade, namoro, amor, casamento
Autor: Alice Munro
Editora: Biblioteca Azul (Coleção Folha Grandes Nomes da Literatura)
Páginas: 340
País: Canadá
Avaliação: 4/5 estrelas