Entre Páginas – Far From the Madding Crowd

Post do arquivo do Café com Blá Blá Blá*

Este post faz parte do arquivo do blog.

Em 2018 nós perdemos todos os posts antigos e, aos poucos, estamos subindo o conteúdo antigo para que todos tenham acesso.

 

Nós tentamos. Tentamos mesmo. Mas sabe como é um amor recente: é impossível ficar longe muito tempo…

Apenas dois meses depois de nos apaixonarmos pela escrita do Thomas Hardy em Tess of the D’Ubervilles, recebemos a notícia de que outro trabalho do autor estava ganhando as telonas: Far From the Madding Crowd.

Foi só assistir ao trailer do filme estrelado por Carey Mulligan para ter certeza de que o livro furaria a nossa fila do Desafio pra vida!

 

Sabrina

Se eu já tinha gostado de Tess, fiquei simplesmente apaixonada por Far from the madding crowd!

Talvez por ter sido uma das últimas obras de Hardy, sua narrativa se apresenta mais afiada (e deliciosa) do que nunca, repleta de ironias, críticas, relações complicadas e diálogos brilhantes.

O primeiro ponto que me conquistou na obra foi justamente a sua protagonista. Batsheba é uma personagem forte, vibrante, determinada… mas está longe de ser perfeita – e, por isso, gera uma empatia imediata em qualquer leitora. Logo no início, ao observar a bela moça à distância, Gabriel Oak destaca aquela que ele acredita ser seu principal defeito: a vaidade. Porém, o que percebemos ao longo da leitura, é que esse “pecado capital” será um dos pontos que mais a farão sofrer. Para se ter uma ideia, assim que ela assume o seu lugar como administradora da fazenda de seu tio, ela só faz uma promessa: “surpreender a todos”. E ela cumpre sua palavra.

Porém, apesar de possuir uma vontade ferrenha de controlar seu próprio destino, Batsheba é vítima de seu coração – aquele que, a princípio, ela tenta domar com a razão. Ela se vê então dividida entre três tentações: amor vs. dinheiro/conforto vs. luxúria. E adivinha a qual ela sucumbe?

“Batsheba, though she had too much understanding to be entirely governed by her womanliness had too much womanliness to use her understanding to the best advantage.”

Hardy dá tanta vivacidade a seus personagens, que acabamos ora nos encantando por alguns, ora sentindo repulsa por outros… mas de forma alguma ficamos indiferentes a eles. Confesso que, logo de cara me apaixonei perdidamente por um deles e sofri junto com suas frustrações (Gabriel, vem cá seu lindo!). Mas, apesar disso, tampouco deixei de sofrer por seus concorrentes.

Por fim, e como não poderia deixar de ser, Hardy coroa sua narrativa com algumas reviravoltas de doer o coração, o que adiciona uma pitada de tragédia e de surpresa ao enredo.

Tendo dito tudo isso, já posso garantir que muito em breve irei me aventurar novamente por outras obras do autor. Não tem como, gente! Acho que pelos trechos que destacamos aqui vocês podem perceber a forma arrebatadora com que Thomas Hardy alinha suas palavras. É uma experiência quase que mágica. Recomendo demais que vocês confiram suas obras!

“Love is a possible strength in an actual weakness.”

 

Fanny

“When a strong woman recklessly throws away her strength she is worse than a weak woman who has never had any strength to throw away.”

Como seis meses podem mudar o pensamento de uma pessoa…

Se vocês me perguntassem em dezembro, eu com certeza iria falar que não estava ‘preparada’ para ler Thomas Hardy e que apesar da sua influência e grande poder dentro da literatura inglesa, ele não era uma prioridade em minha vida.

Pois é. Hoje, Hardy não é só uma prioridade, mas um grande escritor que tenho uma obra inteira para descobrir. Lógico que ter a companhia da Sabrina para ler esses livros tem sido  ótima, porque há momentos que você simplesmente precisa comentar com alguém.

Voltando a Far From the Madding Crowd, como a Sabrina já disse acima, é um dos últimos livros escritos por Hardy e foi publicado postumamente.

Talvez pela idade e a confiança em um trabalho mais realista, Hardy desenhou os acontecimentos desse livro, escrito em 1874, mas como Tess é possível se admirar ao lembrar que ele foi escrito há tanto tempo.

Sim, a obra se passa no interior da Inglaterra em uma época onde não se existia eletricidade disponível, mas os questionamentos morais e a qualidade do texto, te leva a admirar ainda mais a leitura.

Um dos pontos altos do livro foi criar uma personagem principal forte e independente e montar uma sequência e a cercá-la de possíveis pretendentes muito distintos e diferentes. Com um negócio para administrar, querendo ou não Bastsheba tem que se decidir por conta própria.

“And I would rather have curses from you than kisses from any other woman;”

Ela não tem amigas próximas – as mulheres mais próximas são suas criadas – e sabe que deve manter um pose para ter respeito de todos… mas até a mais forte das mulheres só pode resistir até um certo ponto. Assim como hoje em dia, Bastsheba foi persuadida por um sociedade a fazer as suas escolhas.

Mas não se enganem: é essa sua força para lutar contra isso que a torna irresistível para todos os homens que cruzam pelo seu caminho, e isso terá consequências trágicas.

Assim como em Tess, alguns acontecimentos são sutis e é necessário saber reconhecê-los para entender o que vem depois. Porém, mais do que a própria Tess, que já era uma muralha, Bastsheba sai dessa história como uma espécie de Lizzie Bennet trabalhadora, com uma força impressionante e uma personalidade apaixonante.

Eu gostei tanto dela que se tiver uma menina um dia, a maior prova de amor da minha vida para ela será não batizá-la de Batsheba (coitada da criança na escola! Já pensou?).

Sei que não vai ser assim com a maioria dos livros do Desafio Pra Vida, mas com Hardy é difícil ler só 20 páginas por dia.

Mas enquanto não vêm outros livros mais assustadores, eu vou me ocupando das mulheres incríveis de Hardy.

Obs: O livro foi lançado aqui no Brasil pela editora Pedrazul com o nome Longe deste insensato mundo.

Ficha Técnica:

Título: Far From the Madding Crowd

Autor: Thomas Hardy

Editora: Penguin

Páginas: 480

Avaliação: 5/5 estrelas

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