E então eu li ACOTAR…

…E gostei mais do que eu esperava!

“Vocês, humanos, não entendem mais o que é misericórdia?”

Se você (assim como eu) está totalmente por fora do que tem bombado entre os títulos YA (Young adult, ou jovem adulto, como chamamos em terras tupiniquins), eu explico: Corte de espinhos e rosas (A Court of Thorns and Roses em inglês – ACOTAR), da autora americana Sarah J. Mass, é uma das séries de fantasia que mais tem despertado sentimentos extremos – seja amor ou ódio – nos leitores.

Eu relutei um pouco para me aventurar nessa série, por alguns motivos:

1) Apesar de ter devorado loucamente uma montanha de títulos voltados para o público jovem adulto no início da minha vida adulta, eu dei uma saturada nas obras desse segmento e já fazia um certo tempo que não lia esse tipo de livro.

2) O mesmo acontece com o gênero de fantasia: já foi muito a minha praia, mas também dei uma afastada desse nicho e estava com um certo bloqueio para me dedicar a essas leituras.

3) Apesar de a série ter uma multidão de fãs fervorosos, também possui um grupo igualmente volumoso de haters (que defendem argumentos válidos, sim!).

4) Os seres mitológicos dessa saga são feéricos (ou seja, fadas) e eu nunca gostei muito de ler sobre esse tipo de seres sobrenaturais.

Tendo dito tudo isso, devo confessar que iniciei a leitura com as expectativas lá embaixo, em busca apenas de “ficar por dentro” do “bafafá” e entender um pouco melhor as referências que bombardeiam diariamente as minhas redes sociais. E não é que eu me diverti bastante nessa empreitada?!

Não, eu não achei Corte de espinhos e rosas o “suprassumo” da leitura de fantasia, mas achei a narrativa de Sarah J. Mass bastante eletrizante e envolvente. Por mais que alguns dos elementos que ela inseriu na história me fizesse revirar os olhos, me vi estranhamente presa às suas páginas, ansiosa para conhecer o desdobramento dos acontecimentos.

“Magia… tudo era magia, e partia meu coração.”

Dando uma baita resumida, a série é protagonizada por Feyre, uma garota humana que vive com sua família na miséria e que precisa se arriscar diariamente na floresta para caçar seu alimento – floresta essa que faz fronteira com a terra dos Grão-Feéricos, seres extremamente poderosos que vivem momentaneamente uma trégua com os humanos, depois que uma guerra assolou o mundo dos mortais.

Em uma de suas caças, a jovem acaba matando um feérico transformado em lobo e, como pagamento por essa morte, é levada para viver em Prythian, na Corte Primaveril comandada por Tamlin, amigo do rapaz que ela matou. Com o passar dos dias, a garota vai desvendando alguns dos mistérios do lugar e descobre que aquelas terras estão sofrendo com uma terrível maldição que está destruindo aos poucos tudo e todos. Aliado a isso, ela também se vê desenvolvendo sentimentos por Tamlin e se dá conta de que seu amor é apenas mais uma peça em um grande quebra-cabeça.

Pelo que li em algumas resenhas, Corte de espinhos e rosas se propõe a ser uma espécie de releitura de A Bela e a Fera e as influências da obra clássica são bem evidentes no livro. Feyre é a mocinha forte, determinada, mas um tanto ingênua; Tamlin é a fera reclusa, que além de sua natureza animalesca, também sofre com uma maldição que oculta a sua verdadeira face. Mas aqui, Maas deu um tom ainda mais épico e devastador a essa história de amor…

“Agradeça por seu coração humano, Feyre. Tenha piedade daqueles que não sentem nada.”

Para mim, toda essa parte do mistério em torno do passado de Prythian e a maldição que assola a Corte Primaveril, que preenche a primeira parte do livro, foi bem instigante e realmente me deixou querendo saber mais sobre a história. Contudo, achei a segunda parte bastante forçada… É quando somos introduzidos a uma vilã à lá Yzma, de A nova onda do imperador (desculpe, gente, mas não teve como evitar), que apesar de ser a Toda-Poderosa, toma atitudes bastante questionáveis e até mesmo infantis.

O que “salvou” essa segunda parte para mim foi a aparição de Rhysand, que, apesar de não ter me conquistado como “herói”, é o personagem que até agora revelou mais camadas e tem um grande potencial para os próximos livros. Porém, devo dizer que até aqui ele despertou apenas meu ódio com suas atitudes extremamente possessivas e abusivas com Feyre (e não consego passar pano, sério!).

No fim, considero essa experiência de leitura bastante válida e recomendo como uma leitura divertida (no sentido de “entretenimento” e não de “engraçada”), descompromissada, mas daquelas que têm, ao mesmo tempo, um ritmo frenético que te deixa fissurado até o fim. Com certeza seguirei na leitura dos próximos volumes – e não vai demorar muito!

Ficha Técnica:

Título: Corte de espinhos e rosas

Autora: Sarah J. Maas

Editora: Galera Record

Páginas: 434

País: Estados Unidos

Avaliação: 3.5/5 estrelas

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