“Oh, que coisa horrível, há um corpo na biblioteca”.
É engraçado como as nossas leituras às vezes são cíclicas…
Agatha Christie foi uma das primeiras autoras que li. Minha mãe já era fã de seus romances policiais muito antes de eu nascer e me lembro, desde pequena, de insistir com ela para que me deixasse ler aqueles livros de capa colorida que ela conservava em seu antigo quarto na casa dos meus avós. Demorou um pouco, mas quando ela achou que eu tinha “idade o suficiente”, comecei a devorar um mistério após o outro.
Corta para a Sabrina “de hoje em dia”. Apesar de gostar muito dos livros da Agatha, acabei me afastando um pouco de seus romances… Contudo, atualmente tenho me deparado com uma série de booktubers que estão realizando desafios para ler toda a obra da escritora britânica (recomendo aqui o canal da Virgínia, Livros da Tuca, e o Book Addict, da Duda Menezes) e seus vídeos me deixaram com uma “comichãozinha” para tirar um de seus livros da estante.
O escolhido da vez foi um de seus clássicos: Um corpo na biblioteca (um pouco influenciada pelo tema da Maratona Literária de Inverno, do Geek Freak, cujo tema é exatamente “MLI e o Assassinato na Biblioteca”).
E que delícia revisitar a escrita de Agatha Christie!
Um corpo na biblioteca traz todos os elementos que consagraram a autora: um caso inusitado e aparentemente insolúvel, um elenco de personagens muito suspeitos (qualquer um poderia ser o assassino!) e uma detetive carismática capaz de desvendar os mistérios da mente humana.
“Quando há algo de suspeito, nunca acredito em nada! Conheço muito bem a natureza humana.”
A obra se inicia com o estranho surgimento do corpo de uma jovem desconhecida na biblioteca da casa dos Bantry. Além da investigação policial que se inicia após o incidente, a Sra. Bantry resolve pedir ajuda para sua amiga, Jane Marple – ela mesma! A senhorinha mais astuta e inteligente de toda a região e uma das detetives mais populares de Agatha Christie!
Falando do caso em si, tudo é muito suspeito. Tudo o que se sabe sobre a vítima é que ela trabalhava no hotel Majestic, na cidadezinha de Danemouth, e que na noite do crime ela havia se retirado mais cedo do salão principal. A partir daí, vamos sendo apresentados para os personagens que se encontravam no local naquele dia, assim como aqueles que eram ligados, de alguma forma, à mulher assassinada.
E esse é um dos elementos da escrita da autora de que mais gosto! Adoro quando Agatha reúne todos os suspeitos em um só lugar, e como cada um vai tentando desviar a atenção dos investigadores para o outro. Miss Marple, nesse cenário, surge como uma grande observadora dos caráteres dos personagens, e seu olhar aguçado a leva a conclusões muito mais precisas e afiadas do que as da própria polícia.
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Também vale dizer que, apesar de a história girar em torno de um assassinato brutal, a narrativa é leve, aconchegante, sem grandes descrições gráficas – o que torna a leitura bem agradável. Nos sentimos parte do enredo, como se estivéssemos acompanhando os acontecimentos “in loco” e isso é simplesmente delicioso!
Tendo dito tudo isso, vale a pena ressaltar que, apesar de ter gostado bastante da leitura, ela não figura entre as minhas favoritas da autora. Mesmo tendo algumas surpresas, achei parte do enredo um tanto previsível – incluindo a revelação do assassino – e isso tirou um pouco do brilho da minha experiência de leitura. Além disso, confesso que, quando falamos dos detetives da Agatha, tenho uma predileção por Hercule Poirot, o belga mais elegante da Inglaterra, e não sou tão fã assim da Miss Marple.
Porém, Um corpo na biblioteca supriu completamente o desejo que tinha de me transportar por algumas horas para uma história instigante e acolhedora e despertou a vontade de continuar lendo mais coisas da Agatha.
Ficha Técnica:
Título: Um corpo na biblioteca
Autor: Agatha Christie
Editora: Nova Fronteira
Páginas: 184
País: Inglaterra
Avaliação: 3.5/5 estrelas