“Nota do autor: (…) Esteja satisfeito, então, em primeiro lugar, em lembrar que as ações dos seres humanos não são, invariavelmente, regidas pelas leis da razão pura.”
Que saudade eu estava de um bom romance novelesco vitoriano! E ninguém melhor para suprir essa lacuna do que um dos meus autores favoritos da época: Wilkie Collins!
Depois de ler sua breve biografia no ano passado, fiquei morrendo de vontade de retornar para as páginas de seus livros… E a “desculpa” não demorou muito: A Dama e a Lei, versão traduzida de The Law and the Lady, chegou em uma das últimas caixas do Clube de Leitores Pedrazul e me deu a deixa perfeita para mergulhar nessa intrigante narrativa.
Como já tinha a edição estrangeira há muito tempo na estante – e como considero o nível de dificuldade do inglês de Wilkie Collins como um dos mais tranquilos dentre os autores clássicos – acabei optando por seguir a leitura no idioma original, com um ou outro cotejo com a versão em português.
Em The Law and the Lady acompanhamos a história de Valeria Woodville, uma jovem recém-casada com um rapaz aparentemente perfeito. Porém, logo depois do casamento, Valeria começa a desconfiar de que seu marido está escondendo um segredo muito grave e resolve ir atrás da verdade – mesmo que isso sacrifique a sua própria felicidade.
“Dê amor a uma mulher, e não há nada a que não se aventure, sofra ou faça.”
Intriga, assassinato, julgamento e falsas amizades: todos os elementos perfeitos de um ótimo folhetim estão presentes nesta obra! Quem, assim como eu, é fã da escrita do autor, deve ter reconhecido algumas peças-chave em suas narrativas: nos livros de Collins, sempre temos algum personagem que não é exatamente quem diz ser, um mistério que parece insolúvel e um protagonista determinado a descobrir a verdade…
Contudo, um dos grandes diferenciais deste título específico é o fato de que ele nos apresenta uma das primeiras detetives mulheres que protagonizaram um romance completo em língua inglesa. A obra é toda narrada do ponto de vista de Valeria e Collins conseguiu entrar no tom de uma jovem esperta e audaciosa, que está muito à frente de seu tempo e desafia as convenções da época.
“A Dama e a Lei começaram a se entender.”
É verdade que alguns de seus personagens são um tanto caricatos – e que Eustace é tão banana quanto Edward Ferrars, de Razão e sensibilidade –, e a trama principal se torna um pouco mais previsível próximo ao fim da narrativa, mas pessoalmente eu achei The Law and the Lady uma narrativa deliciosa e divertida, com o tempero certo para um bom entretenimento!
Uma leitura mais do que recomendada para fãs de autores vitorianos e de um bom suspense à lá Agatha Christie!
Ficha Técnica:
Título: The Law and the Lady
Autor: Wilkie Collins
Editora: Oxford
Páginas: 428
País: Inglaterra
Avaliação: 4/5 estrelas