Entre páginas – A senhora das águas

“I’m here to witness what happens to a woman who thinks she knows more than men.”

Se tem um país que tem uma história para lá de novelesca, com lutas pelo poder, reviravoltas na família real e guerras pelo trono é a Inglaterra!

E se tem alguém capaz de transformar a História real em romances históricos de tirar o fôlego é a Philippa Gregory!

Ainda, assim a minha experiência prévia com a autora foi meio dúbia… O primeiro de seus livros que li foi A princesa leal, que conta a história de Catarina de Aragão, a primeira esposa do Henrique VIII – e eu AMEI! Em seguida, iniciei a leitura de um de seus títulos mais aclamados, A irmã de Ana Bolena, e acabei achando a leitura um pouco mais arrastada, deixando sua conclusão para um outro momento.

Logo, quando elegemos A senhora das águas como uma das leituras do Clube do Café (onde Thais, Fanny e eu lemos alguns títulos juntas), tive dois receios: 1) de achar a leitura arrastada como na minha última incursão; 2) de o inglês ser muito difícil, pois só tinha uma edição do livro na língua original, que havia adquirido em um box comprado há milênios na livraria (shame on me!).

Qual foi a minha surpresa ao encontrar justamente o contrário, em ambos os casos?!

A leitura deste livro é mais do que fluida: é envolvente, emocionante e viciante, o que faz com que o devoremos de uma só vez – seja para saber o fim do conflito, para suspirar com o romance ou para tentar desbravar de uma vez por todas (à lá “Nazaré confusa”) a linhagem da Inglaterra.

A senhora das águas é o terceiro volume da série dedicada à Guerra das Rosas (o famoso embate entre as famílias Lancaster e York pelo trono da Inglaterra, ocorrido nos idos dos anos 1400), mas é o primeiro na linha cronológica de acontecimentos históricos – e foi esta a linha que preferimos adotar na leitura da série.

Na obra, acompanhamos a história de Jacquetta, uma jovem que se casa com um duque com o intuito de ajudá-lo a desenvolver habilidades de alquimia – sua família, teoricamente descendente da deusa Melusina, tem alguns sentidos mais desenvolvidos e pode até mesmo pressentir o futuro.

Contudo, ao perder o primeiro marido, ela se casa novamente por amor e acaba sendo inserida em um novo cenário: a própria corte da Inglaterra (na época, de linhagem Lancaster), de onde passa a acompanhar o início do conflito com os primos York e seus desdobramentos.

“This is the end of the England we have known. This is the end of everything.”

Além disso, por meio da sensibilidade e da determinação de Jacquetta, a autora também nos traz um olhar feminino para a História, em uma época em que as mulheres tinham um lugar de pouco destaque nas decisões que mudavam o mundo. As personagens femininas de Gregory são fortes, sensíveis e sagazes e provam que com talento e força elas podem sim mudar a sua realidade.

“Any woman who dares to make her own destiny will always put herself in danger.”

Somado a tudo isso temos uma narrativa ágil e afiada, pontuadas por momentos de ação, batalhas e jogadas políticas, que nos mantêm presos até a última página! Que venham os próximos volumes da série!

(Obs: aqui no Brasil a série é publicada pela editora Record).

 

Ficha Técnica:

Livro: The Lady of the Rivers (A senhora das águas)

Autora: Philippa Gregory

Editora: Simon & Schuster

Páginas: 527 páginas

País: Inglaterra

Nota: 5/5 estrelas

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