Post do arquivo do Café com Blá Blá Blá*

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Em 2018 nós perdemos todos os posts antigos e, aos poucos, estamos subindo o conteúdo antigo para que todos tenham acesso.

 

Já faz um tempinho que eu estava curiosa para ler alguma coisa do Ian McEwan. Meu primeiro contato com a obra do autor inglês havia sido através do filme Desejo e Reparação, originado a partir do seu romance Reparação, mas confesso que, apesar de contar com o livro na minha prateleira, acabei não dando uma chance real a ele (em um futuro próximo, quem sabe?). Por isso, fiquei bastante curiosa ao saber que a Companhia das Letras iria promover o lançamento mundial de Serena durante a Flip e resolvi passar esse livro “na frente”.

“Ele era o meu projeto, o meu caso, a minha missão. A arte dele, o meu trabalho e a nossa história eram uma só coisa. Se ele fracassasse, eu fracassava. Simples, então – nós íamos triunfar juntos”.

A minha experiência não poderia ter sido melhor! O livro, narrado em primeira pessoa, conta a história de Serena Frome, uma jovem de classe média, filha de um pároco do interior da Inglaterra. Apaixonada por livros, a menina acaba deixando de lado o sonho de cursar a faculdade de Letras e se matricula no curso de (pasmem!) matemática – resultado da pressão dos seus pais, que desejavam que ela conquistasse uma boa posição e um bom emprego.

Porém, o seu “quê” de questionadora não ficaria adormecido por muito tempo… Graças a um breve relacionamento com um jovem na faculdade, a menina conhece um renomado professor, que acaba a recrutando para o MI5 – o serviço secreto inglês. A partir daí, a sua vida dá uma reviravolta inesperada, com resultados um tanto quanto inusitados… e imprevisíveis!

Confesso que fui conquistada logo na sinopse, principalmente por causa de duas “palavrinhas mágicas”: serviço secreto. Sempre gostei de filmes de conspiração, tramas complicadas e agentes duplos, logo, uma premissa como essa não poderia passar desapercebida! E o cenário em que a narrativa se passa é propício para uma boa história: a década de 70 na Inglaterra, ou seja, em plena Guerra Fria! Mas preciso ressaltar: esse não é um livro de ação!

Aliás, a política é um elemento bastante presente em toda a escrita. Dá para perceber a preocupação que o autor teve em situar os leitores no momento histórico e apresentar o panorama geral – sempre de forma diluída, inserida no contexto. Para muitos, esses trechos podem até soar um tanto cansativos, mas para aqueles que, assim como eu, adoram elementos históricos, isso só enriquece ainda mais a experiência da leitura!

Outro fator que (felizmente!) também é bastante explorado é a importância da literatura. Diria até que é o elemento chave, aquela pecinha fundamental que dá importância a toda a história. Ela está presente em tudo: no amor que a protagonista sente pelas palavras, nas missões secretas e, de forma ainda mais evidente, na própria escrita do autor, que se vale da metalinguagem para inserir novos gêneros e surpresas na narrativa.

“Eu gostava de ler romances. Eu lia rápido – às vezes dava conta de dois ou três por semana. (…) Eu lia tudo que caísse na frente. Literatura vagabunda, elevada e tudo que ficasse no meio”.

Porém, cabe um alerta: apesar de bastante prazerosa, a leitura de Serena não é daquelas que vai te fazer devorar o livro em poucas horas ou em apenas uma “sentada”. Sua estrutura é um pouco mais densa e alguns trechos nos fazem parar, refletir, digerir… Para aí sim podermos seguir em frente. Um aspecto que pode ser até um pouco refrescante para aqueles que vêm de uma série de leituras rápidas e superficiais!

Por fim, gostaria de deixá-los com mais um “gostinho” de “preciso ler esse livro”: o final é simplesmente… Surpreendente! Fiquei literalmente “de queixo caído” e com um sentimento de alegria, permeado por exclamações de “Uau! Que ideia genial do autor”! Ficou curioso? Então corre para ler!

 

Ficha Técnica:

Título: Serena

Autor: Ian McEwan

Editora: Companhia das Letras

Páginas: 384

Avaliação: 4/5 estrelas