“Nós estudamos o universo para saber das coisas, mas no fim das contas a única coisa que sabemos de verdade é que tudo acaba… Tudo, exceto a morte e o tempo. É difícil ser lembrado disso, mas é mais difícil esquecer.”
Em meio a pesquisas para descobrir novos autores italianos (falei mais sobre minha fixação com a Itália nesse post), decidi assinar temporariamente a TAG Curadoria, para, assim, ter acesso a algumas obras que já haviam sido publicadas pelo clube de assinatura.
Pois bem. Além dos exemplares que queria comprar, recebi também o kit (maravilindo!) do livro O céu da meia-noite, da autora Lily Brooks-Dalton, que era o livro do mês de março. Não sabia praticamente nada sobre ele – apenas que se tratava de uma ficção científica –, mas foi o suficiente para que eu o passasse na frente de uma loooooonga fila de leituras!
Confesso que tenho uma relação um pouco estranha com esse gênero literário. As temáticas me interessam e os poucos livros que eu li me agradaram muito… Mas, mesmo assim, eu acabo lendo muito pouco desse segmento. Ter esse livro em mãos me fez pensar sobre isso e, quem sabe, criar uma nova meta (Será?).
Pensando nisso, decidi não demorar muito para me aventurar por suas páginas… Me joguei completamente no escuro e tive uma grata surpresa!
Dividida em dois focos narrativos, a obra nos apresenta primeiro a Augustine, um cientista idoso que está isolado em uma estação de pesquisa no Ártico, tendo apenas uma garotinha como companhia. Paralela à história de Aguie, acompanhamos também o desenrolar de uma viagem espacial a Júpiter, narrada sob o ponto de vista de Sully, uma das astronautas.
Contudo, além das dificuldades que Augie e Iris enfrentam para tentar sobreviver em um local totalmente hostil e inóspito e os problemas que Sully e sua equipe encontram a bordo da nave Aether, os dois se deparam com um desafio ainda maior: o silêncio.
“Estavam à deriva no silêncio.”
Tudo o que sabemos no início da história é que alguma coisa muito grave ocorreu no mundo e, depois disso, todas as comunicações cessaram. Ao mesmo tempo em que tentam estabelecer contato com alguém fora de suas bolhas, os dois personagens acabam enfrentando a si mesmos em busca do significado de suas vidas.
Esse é um livro sobre solidão. Sobre perda. Sobre o que nos torna humanos.
Eu sempre me interessei pelos mistérios do universo e sobre tudo o que existe além do conhecimento humano. E, em não poucas vezes, me peguei refletindo sobre a solidão que os astronautas devem sentir no espaço – afinal, eles não só estão longe de pessoas que amam: estão longe de tudo aquilo que conhecem, de onde vieram.
Esse sentimento está muito presente em O céu da meia-noite, aliado ao medo de perder toda e qualquer referência que possuímos. De forma delicada e emocionante, a autora consegue nos transportar para lugares extremos, em situações imagináveis e nos leva a pensar nas coisas que realmente importam para nós.
E, aliado a tudo isso, ainda temos um final para lá de impactante que chegou até a me tirar o sono!
Depois que comecei a leitura, me deparei com opiniões controversas de outros leitores sobre a obra, principalmente no que diz respeito à escrita da autora. Eu acabei gostando bastante do seu estilo, mas devo concordar em partes com as críticas. Para mim, um dos únicos pontos negativos é justamente a forma com a qual ela construiu algumas cenas importantes – sinto que elas aconteceram de forma muito rápida, quase num “sopetão”, e isso fez com que não conseguíssemos sentir todo o impacto daquele acontecimento.
Apesar disso, acabei me surpreendendo muito com a obra e já estou ansiosíssima para assistir à sua adaptação cinematográfica, que estreou recentemente na Netflix. Se você, assim como eu, gosta de livros mais introspectivos e menos carregados na ação, recomendo demais essa leitura!
Ficha Técnica:
Título: O céu da meia-noite
Autor: Lily Brooks-Dalton
Editora: Morro Branco
Páginas: 288
Pais: Estados Unidos
Avaliação: 4/5 estrelas