Post do arquivo do Café com Blá Blá Blá*
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Em 2018 nós perdemos todos os posts antigos e, aos poucos, estamos subindo o conteúdo antigo para que todos tenham acesso.
Não estava nos meus planos ler este livro tão cedo. Mas aí romperam o cabo da internet durante uma obra na vizinhança e… Oh, well. O útil se uniu ao agradável e eu virei a primeira página de A Vida do Livreiro A. J. Friky, da Gabrielle Zevin e só consegui largá-lo depois do fim.
Meu primeiro contato com a obra da Gabrielle Zevin foi através da capa. Lindíssima e delicada, ela atrai a nossa atenção de longe na livraria. Em seguida, me surpreendi com o fato de a quarta capa conter vários endossos dos donos das maiores livrarias do Brasil. Ora, se eles estão dizendo que o livro é um ode ao amor pelos livros, quem seria eu para discordar, certo?
Mesmo assim, custei a lê-lo. Enrolei, enrolei… Até que resolvi investigar por que é que só se ouviam elogios ao livro. E me apaixonei!
Mas vamos por partes. O livro começa com a ida de Amelia, a representante de uma pequena editora, à Alice Island, uma cidade minúscula, isolada do resto da “civilização” por uma balsa e dois ônibus. Munida do catálogo da editora e de muito boa vontade, Amy recebe boas-vindas bem contrariadas e mal-humoradas do dono da Island Books, a única livraria da cidade.
A. J. Friky é um viúvo ranzinza e depressivo, com um gosto bem específico para livros (mais contos, menos vampiros). Ele vive às turras com seus clientes, mas depende deles (e das vendas de verão) para manter o seu negócio. Porém, tudo muda no dia em que recebe uma encomenda, digamos, inesperada, que o leva a mudar a sua relação com a vida – e com os livros.
Sim, estou sendo enigmática, mas é de propósito. O livro é de uma delicadeza que vale a pena ser explorada pouco a pouco, durante a leitura. Ele te envolve como um cobertor quentinho, de onde você não quer sair tão cedo.
Grande parte disso se deve aos personagens, muito bem desenvolvidos pela autora. Apesar de todo o seu mal humor, não tem como a gente não simpatizar com A. J., ainda mais como amantes de livros! Essa empatia só cresce através da sua interação com a fofa vem-cá-me-dá-um-abraço da Maya e com o amigo sempre presente, o delegado Lambiasse.
Aliás, o “florescer”, digamos assim, do personagem, coincide com o crescimento da livraria. Particularmente, adorei os clubes de leitura que surgem no lugar, principalmente o dos policiais. Debatemos nossos gostos literários juntos com eles (e anotamos várias de suas recomendações).
E, como se o cenário entre livros já não fizesse deste um livro mágico, a autora costurou a narrativa de uma forma surpreendente, ligando todos os pontos de maneiras inesperadas (e por vezes dolorosas).
Sem dúvida, este é um livro mais do que recomendado para todos aqueles que têm nos livros amigos e confidentes!
“Já vi gente do cinema de férias e já vi gente da música, e gente de jornal também. Não tem ninguém no mundo como o pessoal dos livros. É negócio de cavalheiros e damas. Livrarias atraem o tipo certo de gente.”
Ficha Técnica:
Título: A Vida do Livreiro A. J. Friky
Autor: Gabrielle Zevin
Editora: Paralela
Páginas: 192
País: Estados Unidos
Avaliação: 5/5 estrelas