“Quando você olha para o abismo, Nietzsche escreveu, o abismo também olha para você.
Eu sou o abismo, meu velho. Eu.”
Eu sei, eu sei. Estou avançando mais devagar do que eu gostaria na minha leitura da obra de Stephen King (afinal, o homem possui mais de 80 títulos publicados e eu só cheguei na marca de um quarto de tudo isso), mas decidi dar um “gás” nesse desafio com outro desafio (quem nunca?): a leitura da trilogia Bill Hodges!
Já faz um tempinho que eu namoro essa série na estante (até porque dizem os fãs que é recomendado lê-la antes de se aventurar por outros livros do autor, como Outsider e Com sangue, pois estes têm spoilers da trilogia), então aproveitei esse período pré-Halloween para finalmente pegar Mr. Mercedes para ler. Ou melhor: devorar!
O início do livro já é eletrizante: sem nem ao menos termos tempo de nos situar na história, King já nos insere em um verdadeiro massacre: em uma pacata manhã, os candidatos que aguardam na fila para uma feira de empregos são surpreendidos por um carro em alta velocidade, que avança sem piedade sobre o público que aguarda no local. Contudo, depois de uma grande investigação, o crime acabou ficando sem um culpado.
A narrativa corta então para um ano depois, quando encontramos o protagonista da série: Bill Hodges, um policial aposentado que não vê mais perspectivas para sua vida. Em Mr. Mercedes o personagem está recém-afastado da polícia, com muito tempo livre para relembrar os casos que infelizmente acabou deixando sem conclusão – principalmente o caso do “Mr. Mercedes”. O caso volta a assombrá-lo quando ele recebe, inesperadamente, uma carta do “assassino do Mercedes” provocando-o e tentando induzi-lo ao suicídio.
Porém a provocação acaba tendo o resultado oposto e é justamente a injeção de ânimo de que Bill precisava. Apesar de teoricamente não poder mais agir como um profissional da lei, Hodges resolve empreender uma investigação por conta própria. Contudo, o que ele não esperava era que o caso iria se agravar ainda mais… e tivesse consequências dramáticas para o próprio Bill.
“A maioria das pessoas recebe Botas de Chumbo quando são crianças e precisa usá-las pelo resto da vida. Essas Botas de Chumbo são chamadas CONSCIÊNCIA. Não tenho isso, então me permito fazer muito mais coisas do que a Galera Normal.”
Tensão, adrenalina e uma narrativa de tirar o ar. Em Mr. Mercedes temos Stephen King em ótima forma narrando um suspense no melhor estilo, com inspirações diretas das séries clássicas de detetive. E o melhor: além do ritmo frenético e da corrida contra o tempo para impedir novos crimes do Mr. Mercedes, a obra conta também com um elenco de personagens pra lá de carismáticos, como o jovem Jerome e a inusitada Holly Gibney (que mesmo com todos os seus problemas, se revela uma personagem cativante e muito interessante).
“Com Holly, nunca se sabe.”
Apesar de a conclusão do livro não ser totalmente inesperada, a forma com que tudo foi realizado realmente me surpreendeu. Me vi segurando a respiração nos momentos finais e li as últimas 100 páginas em um só fôlego!
Se você é um dos leitores que tem receio de ler Stephen King porque não gosta de livros de terror, mas curte um suspense, esta é uma ótima forma de conhecer a escrita do autor! Fica a sugestão!
Ficha Técnica:
Livro: Mr. Mercedes
Autor: Stephen King
Editora: Suma
Páginas: 400 páginas
País: Estados Unidos
Nota: 4.5/5 estrelas