“Para os leitores, uma das descobertas mais eletrizantes da vida era a de que eles eram leitores, não apenas capazes de ler (…), mas apaixonados pelo ato. Desesperadamente. Incorrigivelmente.”
Seguindo na leitura da trilogia Bill Hodges, de Stephen King, chegamos ao seu segundo volume: Achados e perdidos.
A obra se passa alguns anos após os acontecimentos de Mr. Mercedes, mas ainda traz algumas das reverberações do ocorrido no livro anterior. Contudo, desta vez temos um enredo que une suspense ao meio literário, o que trouxe um tempero bastante especial para essa narrativa.
Atenção! Pode conter spoilers de Mr. Mercedes!
Assim como em Mr. Mercedes, Achados e perdidos se inicia em meio a uma ação criminosa: desta vez presenciamos o assassinato a sangue frio de John Rothstein, um escritor idoso que ficou famoso com uma série de livros do carismático personagem Jimmy Gold. Contudo, depois da publicação do terceiro volume desta série, o autor decidiu se isolar e se afastar da mídia e do mercado editorial, optando por não publicar novos livros.
Porém, para o seu azar, o jovem Morris, um de seus fãs mais obcecados, decidiu confrontá-lo sobre o destino que ele havia dado ao personagem da série e acaba não só matando-o, como rouba também o seu dinheiro e centenas de cadernos com textos inéditos de Rothstein – incluindo dois novos volumes da história de Gold.
Enquanto os parceiros de Morris focam em fugir com o dinheiro, o mandante tem apenas um único desejo: devorar as páginas dos Moleskines furtados e descobrir o final real de Jimmy Gold. Mas seu sonho é frustrado quando ele acaba sendo preso por outro crime – o que o deixa 30 anos afastado dos cadernos escondidos. Enquanto o assassino sonha com o momento em que finalmente poderá reencontrá-los, o material é descoberto por Peter Saubers, um garoto que, por acaso, também é um admirador de Rothstein. Contudo, mal sabe ele que este será o início de uma enorme e perigosa confusão.
“Um homem é a soma de suas experiências.”
Enquanto em Mr. Mercedes já somos brevemente inseridos na rotina de Bill Hodges e suas investigações paralelas, em Achados e perdidos só reencontramos o detetive aposentado depois de quase um terço de narrativa, o que nos leva a questionar como ele será inserido em toda essa história envolvendo os manuscritos perdidos. No presente, temos um Hodges que assumiu seu papel de detetive particular e conduz investigações com a ajuda de Holly Gibney que, mais do que uma amiga, se tornou também a sua principal parceira. Ao serem contatados pela irmã de Saubers, os dois acabam se envolvendo em uma verdadeira corrida contra o tempo para evitar que uma nova tragédia aconteça.
Eletrizante. Acho que esta é a melhor palavra para definir não apenas Achados e perdidos, mas toda a série de Bill Hodges até aqui. King claramente se encontra totalmente à vontade na narrativa de suspense e adiciona às suas páginas uma boa dose de adrenalina, pontuada por aquele senso de urgência que deixa o leitor grudado às páginas, curioso para saber como o caso irá se desenrolar.
A adição de elementos literários também trouxe um gostinho a mais para a narrativa: em diversos momentos os personagens refletem sobre sua relação com a literatura e King capricha nas referências!
Por fim, o autor também nos deixa um gancho pra lá de arrepiante para o terceiro e último volume, que com certeza trará o retorno de um personagem conhecido dos leitores que promete vir com um forte desejo de vingança…! Que venha O último turno!
Ficha Técnica:
Título: Achados e perdidos
Autor: Stephen King
Editora: Suma
Páginas: 352
Avaliação: 4/5 estrelas