“Olhamos para o passado pela lente do que sabemos agora, então não o vemos com os olhos das pessoas que somos hoje, o que significa que o passado foi radicalmente alterado.”
Essa é uma história sobre uma casa. Mas é muito mais do que isso: é uma história sobre família, relacionamentos, mágoa, perdão e crescimento. É uma história sobre como as nossas escolhas nos moldam e como nossos atos (ou a falta deles) impactam na vida de todos.
Se eu pudesse definir A Casa Holandesa, da autora americana Ann Patchett, em poucas palavras, seria: encantador, melancólico e nostálgico.
A obra é narrada por Danny, um garoto que, desde que se lembra, habita a excêntrica mansão construída pelo casal Van Hoebeeks, holandeses cuja família entrou em decadência após a guerra – e a casa possui por si só uma aura fantástica, com seus aposentos decorados de forma peculiar, com seus quadros imponentes e sua visão panorâmica da vizinhança.
Após o novo casamento do pai com uma mulher muito mais jovem, Danny e sua irmã Maeve acabam perdendo o seu próprio espaço e têm que abandonar a mansão que marcou a sua infância. Esse é um ponto tão sensível em suas vidas que, depois desse acontecimento, os dois retornam frequentemente ao local e, de dentro do carro, observam a Casa Holandesa enquanto relembram o seu passado.
“Tínhamos transformado nossa desgraça em fetiche, tínhamos nos apaixonado por ela.”
Abandonado pela mãe ainda criança, Danny é devotado a Maeve, com quem tem uma profunda relação de amizade e cumplicidade. Maeve é uma figura extremamente marcante, mas ao mesmo tempo é um tanto indefinível para o próprio Danny. É comovente testemunhar toda a dedicação que ela tem com o irmão – a ponto de fazer enormes sacrifícios para que ele tenha a oportunidade de ter uma vida melhor.
Com idas e vindas no tempo, Danny narra seu amadurecimento: sua relação com a casa, com o pai, a mágoa pelo desaparecimento de sua mãe, seu relacionamento com Celeste e sua ligação com Maeve.
Inicialmente, me encantei com o estilo fantástico da narrativa, que me remeteu à estética de uma série antiga chamada Pushing Daisies. Posteriormente esse clima se esmaece um pouco, mas o final me tocou profundamente, a ponto de terminar a obra com uma lagriminha no canto do olho e a sensação de ter vivenciado uma das melhores leituras que fiz recentemente!
Ficha Técnica:
Título: A Casa Holandesa
Autor: Ann Patchett
Editora: Intrínseca
Páginas: 352
País: Estados Unidos
Avaliação: 5/5 estrelas